Para nós, não fumantes, as leis que proíbem o consumo de tabaco em locais públicos resultaram em alívio e qualidade de vida. Passamos a viver longe da fumaça incômoda e do mau-cheiro que ficava impregnado nas roupas, cabelos após longos períodos expostos a ambientes insalubres.
Porém, o rigor das Leis que proibiram o consumo de cigarros em locais públicos agravou ainda mais a situação do meio ambiente. No Paraná, onde não é possível fumar mesmo em locais cobertos próximos às calçadas, os fumantes são obrigados a consumir o tabaco nas calçadas e acabam deixando por lá as bitucas, que depois serão levadas pela chuva aos bueiros e, posteriormente, aos rios.
Com certeza, as autoridades que elaboraram tais Leis não pensaram nesse dano à natureza. Nem dá para imaginar a quantidade de bitucas de cigarros que agora ficam nas sarjetas e antes eram jogadas nos cinzeiros e eram depositadas nos aterros sanitários. Segundo biólogos, este resíduo, que é feito de acetato de celulose, demora de dois a três anos para ser eliminado pelo ambiente.
Como os estabelecimentos comerciais (bares, restaurantes e similares) não podem disponibilizar cinzeiros aos fumantes, sob pena de estarem estimulando o consumo do tabaco, as bitucas têm como destino a sarjeta. Nestes últimos meses, de chuva intensa em todo o Brasil, esses detritos têm contribuído muito para o entupimento de bueiros e alagamento de cidades. Talvez seja a hora de elaborar uma nova legislação, estabelecendo formas de evitar que esse tipo de material seja descartado incorretamente, aliviando dessa vez a natureza dos males provocados pelo cigarro.